CONFIANÇA AMEAÇADA
Luiza, 36 anos, faz todas as compras no cartão de crédito que divide com o marido. Quer dizer, quase todas. Quando quer um sapato novo, por exemplo, usa o de débito, que dispensa fatura. "Também chego em casa mais cedo e guardo a aquisição no armário. Caso ele pergunte, juro que o par é velho." Segundo ela, o moço toma conhecimento de menos de 1% das compras que faz. Não parece, mas uma omissão boba como essa pode se transformar em uma bomba-relógio - afinal, não deixa de ser uma maneira "inocente" de trair a confiança do parceiro. "Se alguém esconde segredos no relacionamento, algo está errado: ou um lado é muito impositivo ou o outro não sabe se impor", explica Ailton Amélio da Silva, psicólogo e professor da Universidade de São Paulo. Melhor sentar e conversar sobre os valores e necessidades de cada um, o que é uma ótima chance para aprenderem a ouvir e negociar. Foi o que aconteceu com o casal Janaína e Bruno. Depois de meses fumando escondida, a engenheira de 28 anos foi descoberta e teve que ser flexível para não perder o namorado. "Por insistência dele, tentei parar, mas não consegui. Combinamos que só fumaria três cigarros por dia, e nenhum na presença de Bruno. Aos poucos, estou largando o vício."
Texto Tamara Foresti e Adriana Caitano / Foto Tamara Schlesinger
GESTÃO DE RISCO
Infelizmente, nem sempre o acordo é possível. O namorado de Júlia, por exemplo, odiava que a publicitária de 33 anos fosse a festas sem ele. Bem que ela tentou incluir o moço nas baladas, mas, além de não ir, ele ainda a convencia a ficar. "Um dia, falei que ia visitar uma amiga e corri para a happy hour da empresa." Para Thiago de Almeida, psicólogo especializado em relacionamentos, mentir pode não ser uma infidelidade propriamente dita, mas há grandes chances de precedê-la. "Você vai se acostumando a esconder pequenas histórias e, mais tarde, não se sente culpada ao mascarar problemas maiores." Sem contar que, cada vez que faz algo pelas costas de seu amor, deixa de trabalhar em parceria com ele.
Foi o que aconteceu com a analista de sistemas Lívia, 28 anos. Quando ainda estava casada, o marido a proibiu de terminar um curso na área de telecomunicações. "Ele não queria que eu ficasse em uma sala cheia de homens. Para evitar brigas, disse que tinha trancado a matéria. Na verdade, enviei os trabalhos por e-mail e fiz provas na hora do almoço sem ele nem desconfiar. Só comuniquei a farsa quando peguei o diploma."
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